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Série 200 Maiores e Melhores: O futuro do Brasil depende da indústria
Confira o artigo sobre de que forma o Brasil depende da indústria publicado no Anuário IEL das 200 Maiores e Melhores Empresas do Espírito Santo 2018
Neste ano, viveremos um momento decisivo para o futuro do Brasil. Os eleitores escolherão o presidente da República, os governadores estaduais e os membros do Congresso Nacional que decidirão as políticas públicas do país entre 2019 e 2022, ano do bicentenário da nossa Independência. Caso os novos mandatários adotem as medidas corretas, poderemos voltar à rota do crescimento econômico e do bem-estar social. Se, porém, erros do passado se repetirem, mais uma oportunidade será perdida.
Mantido o ritmo de expansão dos últimos 10 anos, de apenas 1,6% anual, a economia brasileira levará meio século para alcançar a atual renda per capita de alguns países desenvolvidos. O Brasil, obviamente, pode avançar num ritmo muito maior.
Com reformas econômicas e institucionais, como as sugeridas no Mapa Estratégico da Indústria 2018-2022, é possível crescer o dobro da taxa dos últimos anos. O Mapa é o roteiro para a construção de uma indústria competitiva, inovadora, global e sustentável.
O documento foi detalhado em 43 propostas sobre temas centrais para a competitividade do setor produtivo e do Brasil, que foram entregues aos principais candidatos à Presidência da República em evento ocorrido em julho, em Brasília.
Temos velhos e novos desafios – uns ainda do século 20 e outros, do século 21. Enfrentamos problemas como sistema tributário anacrônico e ineficiente, infraestrutura precária, educação de baixa qualidade, financiamento caro e relações de trabalho que, só recentemente, passaram por modernização.
De todas as disfunções, talvez a complexidade do sistema tributário seja a que mais reduz o potencial de crescimento da nossa economia, pois afeta a qualidade da governança, a capacidade de integração com o mundo e o ritmo de expansão da indústria. Além de equilibrar as contas públicas, com a imprescindível mudança nas regras da Previdência Social, o próximo governo terá que viabilizar a reforma tributária.
Nenhuma das duas medidas será concretizada sem liderança política. Outro problema que precisa ser solucionado é a insegurança jurídica, que causa prejuízos às empresas, aos trabalhadores e ao país. Ela permeia a tributação, as relações de trabalho, a regulação da infraestrutura e a atividade de empreender, gerando incertezas sobre o presente, o passado e o futuro. Sua magnitude e extensão paralisam as ações públicas e privadas.
A falta de clareza sobre direitos e deveres, além das constantes alterações em leis e marcos regulatórios, mina a competitividade da economia brasileira. Normas com redação imprecisa abrem espaço para interpretações divergentes pelo Poder Judiciário. O mesmo ocorre quando uma lei nova é elaborada em contradição com uma já existente, sem que haja a revogação explícita da anterior. Para que sejam previsíveis, as normas devem ser conhecidas, o que é dificultado, no Brasil, pelo excesso de leis e pela linguagem complexa e especializada.
A grande quantidade de ações tramitando nos tribunais, somada à excessiva demora no julgamento, também contribui para piorar a situação. Além de retirar crônicos obstáculos ao crescimento, o Brasil precisa se preparar para a agenda do século 21.
A nova revolução Industrial, chamada de Indústria 4.0, já é uma realidade. As instituições do Sistema Indústria estão se preparando para essa transformação. Nos últimos anos, criamos uma rede nacional de 25 Institutos Senai de Inovação, 58 Institutos Senai de Tecnologia e oito Centros de Inovação do Sesi no país, com apoio do BNDES.
Essas unidades vão induzir um novo nível de progresso para a indústria. Não há dúvidas de que o setor Industrial é o motor do desenvolvimento econômico do país. Graças a seu efeito multiplicador, a cada real produzido pela indústria, são gerados R$ 2,32 para a economia brasileira. A título de comparação, a agricultura acrescenta R$ 1,67; e o setor de serviços, R$ 1,51. Embora represente 21% do Produto Interno Bruto (PIB), a indústria responde por 51% das exportações, 68% dos investimentos privados em pesquisa e desenvolvimento, e 32% da arrecadação de tributos federais. Além disso, gera 10 milhões de empregos.
A importância Industrial vai muito além desses números. Ela tem um papel estratégico para a dinamização de todo o segmento produtivo nacional, como ofertante e demandante de tecnologias. É na indústria que são desenvolvidos novas e mais produtivas variedades de sementes, os defensivos mais eficazes e seguros e as modernas máquinas agrícolas que fazem da agricultura brasileira uma das mais competitivas do mundo. O setor agrega valor à produção agrícola, transformando-a em novos produtos e materiais.
A indústria viabiliza o desenvolvimento de serviços de alto valor agregado, como pesquisa, desenvolvimento, design, logística e marketing, entre outros. Trata-se do setor que mais contribui para o crescimento da renda da população. Enquanto a média salarial dos trabalhadores com nível superior é de R$ 5.476, a dos industriários é de R$ 7.374.
Os trabalhadores com ensino médio recebem R$ 1.989, em média; e os da indústria, R$ 2.291. A diferença se deve à maior qualificação da mão de obra. Os próximos governantes precisam estar cientes da importância da indústria brasileira. Não há exemplo de sociedade que tenha se tornado relevante no cenário internacional sem indústrias fortes, inovadoras e competitivas.
Apenas com a retirada dos entraves ao desenvolvimento do setor Industrial, a economia nacional conseguirá recuperar sua capacidade de crescer de forma sustentada, possibilitando o aumento de investimentos e a geração de mais e melhores empregos. Mais do que nunca, o futuro do Brasil depende da indústria.
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Robson Braga de Andrade; Empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).